O problema cardíaco resultante da doença de chagas fazia Adriana se cansar muito rapidamente. Ela não podia caminhar, andar de bicicleta, fazer atividades rotineiras. Com o passar do tempo, a situação piorou e as entradas nos hospitais eram cada vez mais frequente. Até que, em decorrência da grave situação, ela foi parar na fila do transplante e essa espera durou quase um ano.
“Com cinco dias que me colocaram o marcapasso, o telefone tocou. Era o médico pedindo para eu ir na Santa Casa, porque tinha acabado de chegar coração compatível. Eu desmaiei na hora. Eu só fazia chorar, de alívio e de medo”, relata Adriana.
Alívio porque a ligação levou para Adriana, em novembro de 2008, aos 33 anos, a esperança de que o procedimento fosse trazer-lhe de volta à vida. E medo de que nada desse certo. "Eu não acreditava que o coração iria chegar. Eu já estava sem esperança, autoestima lá embaixo, só pensando coisas negativas", conta a paciente.
Alívio porque a ligação levou para Adriana, em novembro de 2008, aos 33 anos, a esperança de que o procedimento fosse trazer-lhe de volta à vida. E medo de que nada desse certo. "Eu não acreditava que o coração iria chegar. Eu já estava sem esperança, autoestima lá embaixo, só pensando coisas negativas", conta a paciente.
Alívio porque a ligação levou para Adriana, em novembro de 2008, aos 33 anos, a esperança de que o procedimento fosse trazer-lhe de volta à vida. E medo de que nada desse certo. "Eu não acreditava que o coração iria chegar. Eu já estava sem esperança, autoestima lá embaixo, só pensando coisas negativas", conta a paciente.
Em novembro de 2023 vai fazer 15 anos que Adriana recebeu o novo coração. De lá para cá, ela diz que não teve nenhuma intercorrência. "Graças a Deus não sinto nada. Consigo fazer tudo normal. Faço caminhadas, coisas do dia a dia, ando até de bicicleta", brinca Adriana.
Ela lembra à Gazetaweb do primeiro dia que andou de bicicleta depois do transplante. "Falei para o médico: 'Olha, peguei a bicicleta, andei de uma esquina à outra'. Ele perguntou: 'Sentiu alguma coisa?'. Eu disse que não. E ele me respondeu: 'Então agora ande a rua toda', relata Adriana, rindo.
"A melhor coisa que eu fiz foi doar os órgãos da minha filha"
A história de Adriana se cruzou em 2008 com a de Daniela Carvalho de Castro, uma jovem maceioense de 23 anos à época, que, por problemas de aneurisma, foi internada em estado grave no hospital. Era mês de novembro e ela iria completar 24 anos. No mesmo mês, a jovem se formaria em turismo.
Mas o problema de aneurisma interrompeu esses planos e Daniela teve morte cerebral. Foi aí que começou o dilema não só de Adriana, que estava na fila de espera, mas também da mãe de Daniela, Maria Sirlei Carvalho dos Reis, hoje com 63 anos, que tinha que decidir se doava ou não os órgãos da filha.
Maria Sirlei enfrentou a todos os familiares, dela e do pai de Daniela, pois ninguém concordava em doar os órgãos da jovem. “Eu não vou dizer que não fiquei no dilema, porque fiquei. Todos eram contra. Eu conversei com o pessoal da emergência e eles disseram: ‘Se era você que a criava, a decisão final é sua’. Mas todos eram contra. Depois eu racionei e pensei comigo mesma e falei: eu vou fazer”, relata Maria Sirlei à Gazeta de Alagoas, aos prantos.
Sirlei se convenceu que deveria fazer esse gesto de solidariedade. E ficou ainda mais convencida, quando uma amiga de Daniela relatou que esse também seria o desejo da filha dela. “Minha filha nunca deixou nada por escrito sobre isso, ela não sabia que partiria tão cedo. Mas Daniela falou para uma amiga e essa amiga disse: 'Dona Sirlei, faça isso, a Dani sempre dizia que queria ser uma doadora de órgão’. Isso me fortaleceu mais para que eu tomasse a decisão”", afirmou a mãe, acrescentando:
“Hoje eu sei, mais ainda, que fiz a coisa certa, porque a Adriana está com o coração da minha filha há 15 anos, não são dois dias, então valeu à pena”, desabafa a mãe de Daniela.
O gesto de Sirlei fez Daniela salvar várias vidas. Além do coração, a jovem doou ainda os seus rins a um garoto de 13 anos à época, as córneas a outro paciente e ainda a pele. Só não foi doado o fígado porque, naquele ano, conta a mãe, não havia esse procedimento em Maceió.
“Eu digo sempre: a melhor coisa que eu fiz foi doar os órgãos da minha filha. Ela não iria mais voltar. Tenho certeza que minha filha está feliz por ter salvado a vida de algumas pessoas. Hoje me sinto bem aliviada por ter feito isso. Ficaria com a consciência pesada se não tivesse feito. Sempre conto essa história às pessoas e digo que a gente tem que doar, porque, alguém da sua família morto e alguém vivo precisando desse órgão, não tem porque não doar”, finaliza Sirlei.
Adriana, uma transplantada há 15 anos, também reforça a importância desse ato. "Saber que o órgão do ente querido salvou a vida de outra pessoa e saber que o órgão dele está batendo em outra pessoa e fazendo-a feliz, isso é maravilhoso”, complementa.