Segundo a Vigilância Sanitária, o local funcionava sem a documentação e, portanto, de forma irregular.
A situação chegou ao conhecimento das autoridades policiais quando uma idosa, de 68 anos, fugiu do local e saiu pela rua buscando ajuda e pedindo socorro. Câmeras de segurança registraram a fuga.
Na sexta-feira (19), as duas mulheres, identificadas como Márcia Jaqueline Ramos e Simone de Elisandra Ramas, foram denunciadas pelo MP-PR pelo crime de tortura e diversos crimes praticados contra idosos e que estão previstos em legislação.
Elas estão presas preventivamente.
Ainda não se sabe se os familiares dos abrigados sabiam das condições em que eles estavam submetidos.
Segundo o MP-PR, as duas irmãs, de 52 e 46 anos, mantinham nove pessoas em situação de absoluta precariedade e sob grave violência física e emocional. Elas responderão ao processo em privação de liberdade.
As investigações indicaram que além das ameaças, os internos eram agredidos constantemente, com puxões de cabelo, socos e arranhões, praticados a pretexto de castigo pessoal e como forma de fazê-los obedecer às ordens dadas pelas denunciadas.
Além da condenação, o Ministério Público solicita na denúncia que seja fixado pelo Judiciário a obrigação de pagamento de quantia referente aos danos morais causados às vítimas.
Conforme o MP-PR, cartões de contas bancárias e de benefícios de idosos que eram mantidos em um abrigo clandestino foram encontrados com as duas irmãs.
As vítimas têm entre 51 e 82 anos de idade e foram encaminhadas para acolhimento pela rede de proteção e assistência social do município. Alguns deles alegavam ser de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, por isso, foram encaminhados à cidade.
De acordo com a denúncia, o local onde o abrigo funcionava tinha uma série de descumprimentos à legislação e oferecia diversos riscos aos abrigados.
Conforme o MP-PR, o piso era escorregadio, não contava com estrutura antiderrapante ou barras de apoio, possuía escadas e muitos desníveis.
Os idosos também eram privados de acesso adequado à alimentação e condições de repouso, uma vez que o espaço não tinha camas e eles dormiam em colchões espalhados pelo chão.
As investigações apuraram ainda que os remédios dos abrigados eram mantidos em cima de uma geladeira, desorganizados e sem qualquer tipo identificação. Dessa forma, segundo o MP-PR, os idosos ficavam expostos ao risco de os acessarem sem qualquer orientação ou prescrição.
Além disso, conforme o órgão, os internos não recebiam acompanhamentos médicos.
Na denúncia, a Promotoria de Justiça aponta que todos os idosos foram encontrados em situação de "extrema vulnerabilidade, sendo que três deles necessitaram de atendimento médico em razão de desidratação, pressão arterial alta e devido ao estado físico debilitado e também emocional muito abalado".