Código eleitoral permitirá pesquisa até eleição e vetará campanha em igreja
Publicada em 09/03/24 às 13:12h - 7 visualizações
por Rádio Lobo Web com Estadão Conteúdo
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(Foto: Rádio Lobo Web com Reprodução)
O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral no
Senado, fará ao menos duas importantes mudanças no texto aprovado na
Câmara dos Deputados e que dita as regras na eleição. Castro derrubará a
proibição à publicação de pesquisas eleitorais às vésperas do pleito e
vai proibir campanhas eleitorais em templos religiosos. As mudanças
foram antecipadas pelo parlamentar ao Estadão/Broadcast.
Esses
dois dispositivos estão entre os mais polêmicos do Código Eleitoral
aprovado na Câmara dos Deputados em 2021. Desde então, o texto vem sendo
amadurecido no Senado e já teve três relatores nos últimos anos -
Castro é o último deles.
O texto aprovado na Câmara dos
Deputados proibia a divulgação de pesquisas eleitorais a partir da
véspera da eleição. O argumento usado à época foi o de que os resultados
desses levantamentos poderiam influenciar o voto dos eleitores. Marcelo
Castro adiantou que já decidiu derrubar esse trecho.
"O Supremo
Tribunal Federal já se manifestou sobre isso e disse que não pode haver
esse tipo de restrição [às pesquisas eleitorais], porque viola o
direito à informação do cidadão. Então, nós vamos manter a legislação
como é atualmente, ou seja, a pesquisa pode ser feita até o dia anterior
e ela pode ser publicada inclusive no dia da eleição", disse.
O
senador, porém, incluiu uma nova obrigação às empresas que realizam
esse tipo de pesquisa. Elas terão de apresentar em seus levantamentos os
resultados das pesquisas realizadas quatro anos antes. O objetivo é
mostrar o quanto esses institutos se aproximaram do resultado registrado
nas urnas.
"Nós aproveitamos a ideia que a Câmara teve que é
dos institutos não manipularem o resultado das eleições para influenciar
nas eleições", afirmou. "Nós estamos colocando na legislação que nós
estamos fazendo que toda vez que o instituto de pesquisa for publicar um
resultado eleitoral, para os cargos do Executivo, ele tem que publicar
juntamente com o resultado da pesquisa que está fazendo as três últimas
pesquisas que ele fez na eleição anterior sobre o candidato que ganhou a
eleição", completou.
Não haverá qualquer tipo de punição
prevista caso os resultados eleitorais e os registrados nas pesquisas
forem díspares. O objetivo, segundo o relator, é expor empresas que
eventualmente façam levantamentos para influenciar no pleito.
Campanhas em cultos religiosos
O relator confirmou, ainda, que vai derrubar a permissão para campanhas
políticas em templos religiosos. Segundo ele, um templo religioso "é o
lugar de se praticar religião, não é lugar de se praticar política".
"Esse é um tema mais do que polêmico. É um tema que traz sempre muita
divergência, mas nós achamos que a igreja não é lugar de campanha
eleitoral", afirmou." "Nós respeitamos todas as religiões, seja de que
credo for, está na Constituição. Nós somos um Estado laico. Mas não é um
ambiente próprio para se fazer campanha eleitoral".
O texto
aprovado na Câmara dos Deputados permite que seja realizada campanha
política em templos religiosos e universidades. A inclusão desse
dispositivo foi uma demanda da bancada evangélica da Câmara.
A
legislação eleitoral atual permite a campanha política em universidades.
O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 2020, afastar qualquer punição
nesse sentido. No caso dos cultos, porém, há um entendimento de que a
campanha a favor de um candidato dentro de um templo pode configurar
abuso de poder religioso.
Castro reforçou que vai manter em seu
texto a permissão para as campanhas políticas nas universidades. Segundo
ele, o ambiente universitário "é de uma multiplicidade de pensamentos e
de ideias".
"Universidade é aberta, as pessoas podem debater as
suas ideias em qualquer ambiente, não há uma doutrinação, não há uma
formação, não uma ideologia definida. A universidade comporta todo
mundo, todas as crenças e todas as ideologias. Até quem não tem crença
nenhuma e quem não tem ideologia participa da universidade também",
completou.
O relator disse que deve apresentar seu relatório na
próxima semana no Senado. A expectativa dele é que o Código Eleitoral
seja aprovado até maio na Casa Alta do Congresso. Depois disso, a
proposta terá de ser encaminhada novamente à Câmara dos Deputados, que
dará a palavra final sobre os dispositivos alterados pelos senadores.
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