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Em 3 anos, Maceió teve mais de três mil bebês de mães adolescentes

Foram 3.732 nascimentos, 1.860 deles em 2022 e 1.872 no ano passado, a maioria de meninas entre 14 e 19 anos

Publicada em 07/04/24 às 21:18h - 7 visualizações

por Rádio Lobo Web com Jobison Barros


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 (Foto: Rádio Lobo Web com Reprodução)

Camila Gama da Silva, hoje com 23 anos de idade, teve a vida virada de cabeça para baixo, como ela mesma descreve, quando descobriu, aos 15 anos, que estava grávida. Os desafios enfrentados pela jovem mãe a partir de então, só não foram maiores, porque ela contou com uma rede de apoio importante: a familiar.

Em dois anos, em 2022 e 2023, somente a cidade de Maceió registrou o nascimento de 3.732 bebês provenientes de mães adolescentes. Ao todo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 1.860 nasceram em 2022 e 1.872 crianças no ano passado

A jovem Camila conta que a gravidez trouxe transformações na sua vida, tanto na responsabilidade de criar uma criança, como na relação dela com os pais. O bebê, fruto de uma relação de dois anos, que ela iniciou quando tinha 13, foi criado sem a presença do pai, que abandonou a paternidade logo que ele nasceu, conta Camila. Ela estava no segundo ano do ensino médio.

“A partir desse momento foi quando tudo virou de cabeça para baixo. O genitor me deixou sozinha para contar aos meus pais”, relata Camila, que hoje é estudante de jornalismo.

A novidade foi contada, primeiramente para a mãe dela. “De início ficou extremamente decepcionada com a notícia e de imediato me levou para fazer os exames e confirmar a gravidez”, afirma.

Em seguida, mais um desafio pela frente. “Depois disso veio a pior parte para mim, que foi contar ao meu pai. Me senti com muito medo da reação dele. Sempre tive um bom relacionamento com meu pai, porém como ele é evangélico, a pressão era maior, creio eu. E assim a reação dele na verdade foi bem triste, dava para ver a decepção em seus olhos”, conta Camila.

Segundo ela, o pai dela ainda chegou a cogitar entregar a criança, quando nascesse, para a adoção. “Ou se não ele saía de casa. Mas a minha mãe disse que não faria isso”, diz ela.

Com isso, de acordo com Camila, a relação com o pai dela “foi se esfriando”. A mãe, porém, estava mais receptiva a ajudá-la. No entanto, mesmo diante das intempéries em relação à gravidez, os pais foram seus alicerces.

“Meu pai e minha mãe sempre trabalharam. Então se não fossem eles no começo da minha gravidez seria muito pior. A rede de apoio sempre esteve comigo nessa jornada apesar dos pesares. Até que o Caio nasceu e aí tudo mudou. Meu pai voltou a ser o que era antes sabe, até melhor”, diz ela.

Com o nascimento do filho, Camila afirma que o avô do menino mudou o tratamento com ela. “Quando ele viu o Caio me pediu desculpas por tudo que tinha falado e disse que a partir daquele dia essa criança era filho dele, já que ele não tinha um pai presente, e assim até hoje o genitor não é presente na vida da criança”, afirma.

Para a assistente social Tereza Paes, que atua há oito anos no Programa de Atenção Integral à Saúde do Adolescente, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública, mas também questão governamental.

“É preciso de muitas ações para que esse índice diminua. Ele é um problema não só da saúde, educação, assistência, mas de políticas públicas. É um problema governamental que vai além. Envolve a questão econômica e social”, afirma Paes.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), tanto em 2022 como em 2023, os bairros que mais registraram nascimentos de bebês de mães adolescentes foram Benedito Bentes (585) Cidade Universitária (413) e Jacintinho (379).

Tereza Paes afirma que as adolescentes atendidas no programa disponibilizado pela SMS, geralmente, estão na faixa etária de 14 a 19 anos. “São famílias numerosas, em condição de vulnerabilidade social. Grande parte das adolescentes frequenta as escolas, mas depois que engravidam elas começam a faltar bastante, quando não abandonam. E quando têm os bebês, é muito difícil retornarem à sala de aula”, afirma a assistente social.

Em sua experiência de trabalho, a profissional afirma que é comum a gravidez na adolescência repetir um padrão familiar. “Essa adolescente vive em um meio social e econômico de muita vulnerabilidade. São casos em que a mãe engravidou cedo, a avó engravidou cedo, então existe a repetição desse padrão familiar. E aí ela engravida também e não tem perspectiva”, diz.

A assistência social complementa que há o contexto também das relações conflituosas dentro da própria casa. “Muitas vezes ela convive em relações extremamente difíceis, onde ela vê o pai bater na mãe, problemas de alcoolismo ou uso de drogas na família e ela vive nesse ambiente. Ás vezes termina engravidando para constituir uma outra família e fugir do meio que vive.”, expõe a assistente social.

Esse não foi o caso da Camila Gama. Ela disse que, apesar das dificuldades iniciais, teve o apoio da família, continuou os estudos e hoje cursa jornalismo na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“Agradeço muito a Deus e a minha mãe que, quando fiz um mês que tinha tido o Caio, ela me mandou para escola e falou que, a partir daquele dia, cuidaria do netinho dela. E hoje estou aqui com meu filho de sete anos já. Sei que ainda tenho um longo caminho pela frente, mas a rede de apoio me ajudou e ainda ajuda. É uma pena que muitas meninas que tiveram filhos aos 15 anos ou até mais cedo não tenham essa rede que é tão importante para a nossa vida”, finaliza a estudante.



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