Dos 3,2 milhões de domicílios em situação de insegurança alimentar grave no Brasil, quase metade (46% — que corresponde a 1,5 milhão) é chefiada por pessoas com ensino fundamental incompleto.
Esses dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Segurança Alimentar 2023, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo retrata a condição de segurança alimentar nos domicílios do país, usando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).
Em 1.473.840 de casas em situação de fome, o responsável pelo domicílio não conseguiu completar o ensino fundamental. Ainda nesse recorte por nível de escolaridade, 679.248 residências (21,2%) são chefiadas por pessoas formadas no ensino médio.
A parcela de domicílios com insegurança alimentar grave lideradas por pessoas sem instrução e com ensino fundamental incompleto ou completo é de 67,4% (2.159.496 casas).
Apenas 92.916 domicílios (2,9%)
com insegurança alimentar grave têm responsáveis pela renda da família
com ensino superior completo. Na sequência, há 67.284 residências (2,1%)
chefiadas por pessoas com ensino superior incompleto.
Dos 3,2 milhões domicílios em situação de fome:
1.473.840 domicílios (46%) são chefiados por pessoas com ensino fundamental incompleto ou equivalente;
281.952 domicílios (8,8%) são chefiados por pessoas com ensino fundamental completo ou equivalente;
205.056 domicílios (6,4%) são chefiados por pessoas com ensino médio incompleto ou equivalente;
679.248 domicílios (21,2%) são chefiados por pessoas com ensino médio completo ou equivalente;
67.284 domicílios (2,1%) são chefiados por pessoas com ensino superior incompleto ou equivalente; e
92.916 domicílios (2,9%) são chefiados por pessoas com ensino superior completo.
Com isso, a Pnad Contínua mostra que domicílios com responsáveis com baixa escolaridade tendem a ter maior participação na insegurança alimentar. Mas por que isso acontece? O Metrópoles conversou com especialistas para entender os impactos.
Nathalie Beghin, do colegiado de gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), afirma que a baixa escolaridade é “uma das múltiplas causas da fome, pois revela um amplo espectro de outras carências”. “A fome e a miséria são a expressão de falta de Estado, o que resulta na violação de direitos de parte da população, especialmente a empobrecida”, afirma.