Uma idosa de 67 anos denunciou o próprio filho e a nora de cárcere privado, agressões físicas e psicológicas, privações de medicamentos e ainda de violência patrimonial, em Maceió. A Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis começou a investigar o caso e solicitou uma medida protetiva, que foi concedida pela Justiça, para que o casal seja proibido de se aproximar da vítima.
A idosa afirmou
que era mantida presa dentro de casa, em condições precárias, fazendo as
“necessidades” em um balde no quarto. Segundo ela, até para tomar banho
precisava pedir ao filho, que a vigiava, enquanto ela se banhava. Em
seguida, ela era deixada dentro do cômodo trancada.
Ainda de acordo com a idosa, o filho e nora passaram a restringir os medicamentos que ela usava, provenientes do SUS e também comprados por ela. “Chegaram, pegaram meus medicamentos, levaram. Jogou tudo fora”, conta ela em entrevista à TV Pajuçara.
A vítima relatou ainda que chegou a sofrer agressões físicas da nora, com a conivência do próprio filho. “Ela me empurrou, me chutou, me bateu com uma sandália que ela tem azul”, conta a mulher.
Faz parte da denúncia ainda a venda do imóvel da denunciante, por R$ 50 mil. Segundo a delegada que investiga o caso, Rebecca Cordeiro, ficou comprovado que foi depositado na conta da nora da mulher um valor de R$ 35 mil oriundos da entrada da comercialização da residência.
“Eles têm que prestar esclarecimento de tudo isso. Como ela era tratada, primeiramente, que isso é um caso muito grave de maus-tratos e cárcere privado. Como é que foi feita essa venda? O que é que foi feito com esse dinheiro? Porque temos a prova que a entrada inicial de R$ 35 mil foi depositada na conta da nora, o recibo de depósito está no nome dela, a idosa não viu a cor desse dinheiro”, afirmou a autoridade policial.
A mulher conta que conseguiu fugir, quando o filho e a nora saíram de casa sem hora para voltar. Segundo ela, mesmo como dores na perna, conseguiu subir uma escadaria, e seguir até a pista, passando por cinco pontos de ônibus com o objetivo de despistar o filho, para que ele não a visse nas proximidades. Ela relata que, ao chegar no quinto ponto, contou com a ajuda de uma mulher para subir no transporte.
Rebecca Cordeiro disse que duas pessoas já foram ouvidas e que as pessoas que compraram a residência também foram intimadas a prestarem depoimento. “Porque temos que saber como foi feita essa compra. Infelizmente, o inquérito não está mais adiantado porque na primeira intimação elas não compareceram. Foi feita uma segunda intimação e, caso elas não compareçam, cometerão crime de desobediência, e podem ser conduzidas coercitivamente para a delegacia. Posteriormente as oitivas das testemunhas, os autores serão ouvidos”, explicou a delegada Rebecca Cordeiro.
De acordo com a autoridade policial, foi solicitada na Justiça a medida protetiva assim que o caso chegou à Polícia Civil, com o depoimento da idosa. A Justiça acatou o pedido.
“Mas a medida concedida foi apenas a proibição da aproximação do filho e da nora da idosa. Inclusive, a gente solicitou também, na medida protetiva, que não foi dada inicialmente, a condução a algum tipo de abrigo, porque ela está morando agora de favor em uma casa de uma pessoa que já disse que não tem condições de mantê-la. É uma situação muito drástica porque ela saiu só com a roupa do corpo de casa”, expõe Rebecca Cordeiro.