Durante a
investigação da Operação Game Over, com a quebra de sigilo autorizada
pela Justiça, a Polícia Civil teve acesso aos áudios dos influenciadores
dando dicas de como aplicar golpes no “jogo do Tigrinho”. Uma suspeita,
inclusive, orienta um seguidor a simular que está jogando e faturando, o
que motivaria mais pessoas a clicarem no link.
“E quando for fazer os stories, animação viu?! Bem feliz, bem animado, tipo tô feliz, tô faturando. Infelizmente, amigo é isso que as pessoas querem pra poder clicar no link. Arrebente aí”, diz uma das investigadas, em um áudio.
Em outro áudio, uma investigada reforça: “se for possível, coloque um lembrete porque é muita coisa e a pessoa acaba esquecendo. Sei como é isso. Você tem que fazer a divulgação e queira quer não queira você tem que fazer as postagens orgânicas. O Instagram precisa disso. O ideal é que seja alguém que faça você jogando e lhe marque”, ensinou a ela.
Sem
autorização para funcionar, o chamado jogo do Tigrinho viciou os
próprios influenciadores, segundo as investigações. Eles teriam começado
a lavar o dinheiro em bens de luxo, colocando em nome de outras
pessoas.
“Eles
recebem uma conta de demonstração, onde há ganhos irreais, onde ele
grava a tela da conta e diz ao seguidor que está ganhando, mostram
ganhos muito altos, a fim de estimular que as pessoas passem a jogar
também. Aquele link que ele divulga não é o que ele recebeu para jogar,
eles simulam que estão ganhando, mas nada daquilo é verdade”, relatou o
delegado Lucimério Campos.
Entre
os bens apreendidos, estão três carros de luxo – duas Porsches e um
Volvo –, um Fiat Fastback, uma lancha, além de celulares, dinheiro e
passaporte. Os nomes dos investigados não foram divulgados pela Polícia
Civil.
Durante
entrevista coletiva, nesta segunda-feira (17), os policiais disseram que
a soma dos bens apreendidos nos imóveis de influenciadores alagoanos –
12 alvos - se aproxima de R$ 31 milhões. A operação doi deflagrada em
bairros de Maceió e, também, na cidade de Marechal Deodoro. Quarenta
pessoas estão sendo investigados pelo crime de estelionato.
De
acordo com o delegado Lucimério Campos, as contas nas redes sociais de
influenciadores com mais de um milhão de seguidores foram bloqueadas
pela Justiça.
“Uma
senhora teve todo o patrimônio dilapidado, porque se desfez da casa
avaliada em R$ 400 por R$ 200 mil para pagar dívidas do neto. Percebemos
que havia um grupo orquestrado para praticar esse tipo de crime. O jogo
do tigrinho tem um aparato por trás, tem quem vai atrás do
influenciador, a plataforma, os ganhos irreais dos influenciadores, para
o jogo alcançar um número maior de pessoas e faturar mais”, finalizou o
delegado Campos.