Os ministros indicados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes Marques e André Mendonça, devem
ficar de fora dos eventuais julgamentos colegiados sobre a tentativa de
golpe relatada pela Polícia Federal (PF).
Isso porque o ministro Alexandre de
Moraes, relator das investigações, pretende submeter a eventual denúncia
da Procuradoria-Geral da República (PGR) à análise da Primeira Turma,
da qual ele faz parte. Marques e Mendonça integram a Segunda Turma.
Nos
últimos quatro anos, a competência para processos penais vinha sendo do
plenário, em que o quórum é completo (11 ministros), mas a regra mudou
em dezembro de 2023, devolvendo às turmas essa atribuição.Fontes
da Corte afirmam que, apesar disso, o relator de um inquérito mantém a
opção de levá-lo a plenário – esse seria o único cenário em que Marques e
Mendonça participariam da sessão.
Moraes, porém, não deve fazer isso. A
avaliação de pessoas próximas ao ministro é de que, além de o regimento
interno apontar a competência da Turma, no colegiado menor há mais
garantia de uma decisão unânime.
Além
do próprio Moraes, formam a Primeira Turma os ministros: Cristiano
Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Os três primeiros foram
indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O último, pela
ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Interlocutores
do procurador-geral, Paulo Gonet, dão como certo que Bolsonaro será
formalmente acusado dos crimes relacionados à trama golpista. A
denúncia, entretanto, deve ser apresentada apenas em 2025.
Gonet
ainda aguarda que Moraes encaminhe à PGR o relatório de mais de 880
páginas em que a Polícia Federal (PF) indicia o ex-presidente e outras
36 pessoas — a maior parte militares — pela organização de um golpe de
Estado em 2022.
De acordo com a PF, Bolsonaro, depois de ser
derrotado por Lula nas eleições daquele ano, passou a liderar uma
organização criminosa que buscava impedir a posse do petista e de seu
vice, Geraldo Alckmin (PSB), em 2023.
Operação deflagrada pela PF na semana passada apontou que a trama
envolvia o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, mediante o uso de
artefatos explosivos e até de envenenamento.