O Ministério Público Federal (MPF) promoveu, na tarde desta quarta-feira (11), uma reunião com representantes do Município de Penedo, do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH/AL), do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e da concessionária Águas do Sertão. O encontro teve como objetivo discutir o esgotamento sanitário do Conjunto Habitacional Vale do São Francisco e avaliar a implementação do Plano de Conformidade Ambiental, previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) nº 1, de 2022, firmado entre a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Penedo e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, ao qual a concessionária Águas do Sertão aderiu.
A reunião, coordenada pela procuradora
da República Juliana Câmara, foi realizada no âmbito de um inquérito
civil para apurar possível dano ambiental causado a um afluente do Rio
São Francisco. Segundo o denunciante, um morador do residencial, a
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) estaria lançando esgoto in
natura em nascentes, causando erosão e poluição. Ele relatou que, mesmo
após a transferência da gestão do sistema para a Águas do Sertão, a
situação permanece inalterada.
A concessionária afirmou que, após
assumir a operação, promoveu melhorias na ETE e que, atualmente, o
esgoto lançado após tratamento está em conformidade com as normas
ambientais. No entanto, reconheceu que fatores externos, como ligações
clandestinas na rede de drenagem de águas pluviais, poderiam contribuir
para a poluição que a população declara existir no ponto de lançamento.
Apesar das alegações da concessionária, o
morador questionou a precisão do mapa apresentado, mencionando a
ausência das áreas de nascentes e da erosão, além de denunciar a
persistência de mau cheiro e a presença de substâncias tóxicas na água,
impossibilitando a pesca. O IMA informou que, em fiscalizações
anteriores, constatou que dois parâmetros estavam fora do padrão,
resultando na autuação da concessionária, e sugeriu uma nova diligência
com o uso de drones para investigar as áreas afetadas.
O Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco solicitou providências
urgentes para identificar a origem do problema e a adoção de medidas de
recuperação e recomposição ecológica da área.
A procuradora
Juliana Câmara considerou a reunião produtiva, destacando a importância
do nivelamento de informações e o esforço conjunto para diagnosticar a
situação e definir as medidas necessárias à reparação dos danos
ambientais.
Encaminhamentos — Como
resultado da reunião, o MPF determinou que a Águas do Sertão apresente o
diagnóstico de conformidade ambiental da ETE e os laudos de análise
laboratorial dos efluentes lançados relativos aos últimos 12 meses.
Foi
concedido ainda o prazo de 30 dias para que o IMA/AL e as Secretarias
de Meio Ambiente do Estado de Alagoas e do Município de Penedo
apresentem manifestação sobre o diagnóstico elaborado pela
concessionária, considerando que já receberam o documento.
O
município de Penedo deverá investigar a existência de ligações
clandestinas na rede de drenagem de águas pluviais. E, o MPF oficiará a
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) para fornecer informações sobre
possíveis monitoramentos no local.