O corpo do jornalista e ex-treinador do Flamengo Washington Rodrigues, o Apolinho, está sendo velado na tarde desta quinta-feira na entrada principal da sede do clube, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.
A cerimônia é aberta ao público. Além de familiares, amigos e fãs, ex-jogadores como Bebeto e Zé Mario também comparecem à despedida de Apolinho que morreu durante a partida entre Flamengo e Bolívar, na última quarta-feira, pela Libertadores, aos 87 anos. Emocionado, o atacante do Tetra não quis dar entrevista.
Além de consagrado jornalista que marcou gerações com seus comentários nas rádios Globo e Tupi, Washington era um apaixonado pelo Rubro-Negro.
O vice-presidente rubro-negro Rodrigo Dunshee de Abranches, Bruno Spindel (diretor executivo), Diogo Lemos (Conselho de Futebol) e o mandatário do clube, Rodolfo Landim, que colocou uma coroa de flores em homenagem ao ícone do rádio, estiveram no local para homenagear Apolinho.
- Vamos pensar em mais uma forma de homenagear. Ontem [durante o jogo com o Bolívar] a gente queria ter feito uma ação após o jogo, mas era data da Conmebol e tem uma série de restrições. Ficamos chateados de não poder fazer uma homenagem com a nossa torcida presente - afirmou Landim.
Todo rubro-negro terminou o jogo com uma mistura de sentimentos. Muito felizes com a vitória, mas também muito tristes em função da morte do Apolinho.
Gerson, meia do Flamengo e autor de um dos gols da vitória sobre o Bolívar, foi um dos representantes do atual elenco do clube a comparecer.
Presidente responsável por contratar o radialista como treinador do Flamengo, Kléber Leite foi ao local prestar a última homenagem ao amigo. Em 1995, foi quando ele assumiu a tarefa de treinar o time do coração.
Colegas de profissão, como os jornalistas Roberto Assaf e José Carlos Araújo, também se fizeram presentes à despedida de Washington Rodrigues.
Criador de diversos bordões com uma linguagem popular que conquistou ouvintes no rádio carioca ao longo de décadas, o comentarista Washington Rodrigues fez dupla marcante com o narrador José Carlos Araújo, o Garotinho, na Rádio Globo.
O ex-treinador Antônio Lopes, junto ao filho Lopes Júnior, esteve no local.
Apolinho também ficou marcado por uma "previsão" feita durante a transmissão da Super Rádio Tupi da final do Campeonato Carioca de 2001, em 27 de maio daquele ano. Antes de Petkovic cobrar a falta e marcar o golaço que garantiu o tricampeonato do Flamengo sobre o Vasco, Apolinho afirmou:
- E acaba de chegar São Judas Tadeu.
A aventura no comando do Flamengo é a passagem mais marcante de Washington Rodrigues longe do jornalismo. Ele contou ao UOL em 2015 como virou treinador:
- Estava jantando com o Vanderlei Luxemburgo, e o Kleber Leite me convidou para encontrá-lo em um restaurante. Imaginei que queria conselhos sobre o momento do time e fui preparado para sugerir a contratação do Telê Santana. Ninguém queria pegar o Flamengo. O papo varou a madrugada. Até que por volta das 3h30 havia um prato virado na mesa e sem uso.
- O Kleber me disse que tinha um nome e pediu para que virasse o prato. Quando vi que era o meu tomei um susto e perguntei se ele estava brincando. Pensei rápido e aceitei, já que o Flamengo é uma convocação. Foi uma correria. Tinha que me desligar da rádio, TV, jornal. Tudo para evitar conflito.
Foram 26 partidas, 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. O time do Ataque dos Sonhos de Sávio, Romário e Edmundo não reagiu no Campeonato Brasileiro e terminou no 21º lugar. Na Supercopa dos Campeões da Libertadores, entretanto, a campanha foi boa. O Flamengo venceu sete dos oito jogos disputados, mas acabou derrotado na decisão em duas partidas com o Independiente.
Além da aventura à frente do Flamengo em 1995, Washington, novamente "convocado" por Kleber Leite, voltou ao clube três anos depois para assumir o cargo de diretor de futebol.
Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro em, no dia 1º de setembro de 1936. Desde cedo, virou um amante do futebol e sempre se orgulhou em dizer que organizava saídas da escola para frequentar o Maracanã. Foi bancário na juventude.
O apelido Apolinho foi dado para o seu microfone pelo locutor Celso Garcia, em alusão aos equipamentos usados pelos astronautas da missão à Lua Apollo 11. Não demorou para virar a sua marca.