A eliminação da seleção brasileira masculina de vôlei nas quartas de final dos Jogos de Paris,
nessa segunda-feira (5), deixou algumas marcas. Foi o pior resultado da
equipe desde Sydney-2000. O ciclo foi ruim, cheio de altos e baixos,
que resultou em uma mudança de comando a menos de seis meses da disputa
na capital francesa com a volta de Bernardinho para o comando da equipe.
Não deu tempo de estruturar um trabalho.
Após a derrota para os Estados Unidos, o clima era de abatimento. Darlan, promessa para assumir o protagonismo para Los Angeles-2028, passou chorando pelos jornalistas e não quis falar. Allan falou só com as emissoras de transmissão e também não parou para conversar com o restante da imprensa. Coube aos mais experientes, como Bruninho e Lucão, darem explicações pela campanha ruim. Em quatro partidas, três derrotas. O Brasil só venceu o Egito em Paris.
Os
dois comunicaram que é o fim de um ciclo e anunciaram que não devem
mais defender a seleção. O capitão afirmou que foi “provavelmente o seu
último jogo”. “Faltou voleibol. Temos que assumir isso", analisou.
“Difícil,
né? Muito frustrante. Por mais que a gente soubesse que era difícil
todo o percurso, mas a gente sempre acreditou. Aqui dentro existe uma
cobrança muito grande, uma responsabilidade muito grande de tudo aquilo
que a gente fez durante vinte anos aí, sei lá, mais de vinte anos.
Então, a gente sofre com uma derrota como essa, sabendo que a gente
lutou, jogou de igual pra igual em muitos momentos contra grandes
equipes, mas faltou. As equipes hoje estão na nossa frente, foi um ciclo
daqueles que eu disputei o pior”, completou.
Lucão
fez um balanço do tempo que esteve a serviço da seleção, se colocou à
disposição para ajudar como puder e fez um alerta para nova geração:
“São 19 anos sem férias, oito anos sem participar de um aniversário do
meu filho, sem estar presente em casa. Tem uma nova geração chegando com
força, chegando bem, que vai ter que ralar bastante, vai ter que
trabalhar porque o voleibol. Infelizmente, talvez eles pegaram o vôlei
no maior nível de todos os tempos de igualdade, mas a gente vai torcer
bastante para eles, vai acompanhar bastante e no que puder ajudar a
gente vai ajudar.”
Diferente da primeira fase, Bernardinho não fugiu da imprensa e apareceu para explicar a eliminação. O técnico assumiu a responsabilidade pela derrota, deu a entender que estará envolvido com a seleção, mas evitou cravar que será na função de treinador, mesmo que tenha deixado escapar que o novo ciclo começava “amanhã [hoje]”, em referência a mudança de chave.
“Eu
tenho que ver o que minhas filhas vão dizer [sobre continuar como
técnico]. É a minha vida, mas pode ter certeza que, se não estiver como
protagonista liderando, vou estar próximo. Não vou me afastar e deixar
de contribuir de maneira nenhuma com essa rapaziada e com o novo ciclo
que se inicia. Precisamos realmente trabalhar muito bem”, afirmou.
“E eu tenho que aprender a lidar com a nova geração, ser melhor para ela. Não é gritando mais ou gritando menos. Tenho que ser eficiente”, analisou.