Os caucus, o modelo de votação mais antigo para definir candidatos ainda em vigor nos EUA (o primeiro foi no século 18), são espécies de pequenas assembleias nas quais eleitores debatem e, na sequência, votam no candidato que acham que deve concorrer pelo partido do qual são afiliados - neste caso, o Partido Republicano.
O Partido Democrata também terá seu próprio caucus em Iowa, na mesma data, mas não fará votação; para os democratas, o processo é apenas um debate, seguido de uma votação geral que só ocorrerá em março.
Por isso, todos os olhos estão voltados aos pré-candidatos republicanos, liderados pelo ex-presidente Donald Trump, o grande favorito entre os pré-candidatos na disputa disputa dentro da sigla, segundo pesquisas de intenção de voto.
Na prática, a votação não significará muito: Iowa, estado da região central dos Estados Unidos, representa cerca de 1,6% do total de delegados totais. Mas tem um poder simbólico: serve como uma espécie de termômetro e reforço moral para o candidato eleito.
Foram os caucus no estado que revelaram, por exemplo, dois ex-presidentes até então pouco conhecidos no cenário mundial e até nacional: Jimmy Carter, que venceu em 1976, e Barack Obama, que ganhou ali a disputa contra Hillary Clinton e, depois, a corrida pela Casa Branca em 2008. Os dois levaram Iowa quando os democratas ainda realizavam votação durante seu caucus no estado.
No caso dos republicanos, no entanto, Iowa não tem sido um termômetro do apoio nacional. Nenhum dos vencedores do partido das últimas três prévias de Iowa –em 2008, 2012 e 2016– conseguiu se tornar o candidato republicano.
Isso se deve, em grande parte, ao perfil dos eleitores do estado, onde 90% da população é branca e de maioria conservadora. Uma grande parte dos republicanos de lá é também da comunidade cristã evangélica, que tende a apoiar o candidato socialmente mais conservador.
De qualquer maneira, pesa muito o fato que, há mais de 50 anos, os caucus de Iowa são a abertura oficial do complexo calendário eleitoral que define o presidente da maior potência mundial.
Por isso, na segunda-feira, políticos e a imprensa norte-americana acompanharão em peso a votação, apesar da previsão de uma nevasca e temperaturas que podem chegar a -25ºC. As baixas temperaturas podem até influenciar nos resultados - analistas avaliam que problemas de locomoção podem reduzir o comparecimento e, assim, garantir menos votos a Donald Trump, o favorito no estado, majoritariamente de população branca e eleitores republicanos.
Parte dos especialistas e eleitores nos EUA critica o processo com o argumento de que se trata de um sistema arcaico e menos acessível que as primárias, já que os eleitores que queiram votar devem chegar no início do debate e permanecer até o fim dele.
Esse modelo era aplicado em vários estados e, aos poucos, foi caindo em desuso. Atualmente, os EUA são também o único país no mundo que adota o caucus como uma das formas de eleger um candidato.