No entanto, o que os deputados tentarão votar, após mais de 30 horas de debate em dois dias consecutivos de sessões, será um pacote de medidas "depenado": dos 664 artigos que o projeto original tinha quando foi enviado à Câmara, restaram apenas 224.
Os cortes foram exigências de diferentes partidos e grupos políticos em troca de apoio ao pacote de Milei, que tem minoria no Congresso. Por isso, o governo teve de fazer uma intensa negociação com deputados de centro.
Ainda assim, não há garantia de que a lei será aprovada hoje na Câmara - o debate será retomado nesta manhã, com uma fila de 30 oradores ainda para falar. A votação deve ocorrer pela noite, mas pode ser adiada para sábado (3) caso não haja consenso.
E, depois da aprovação do texto entre os deputados, o projeto vai para o Senado, onde o governo também não tem maioria.
Embora algumas das principais mudanças que a Lei "Ômnibus" traz tenham sido mantidos, os deputados decidiram cortar do projeto pontos significativos e amplamente defendidos por Milei. Entre eles:
Ainda de acordo com o jornal argentino "La Nación", Milei afirmou aos seus ministros que não queria mais mudanças no projeto, mas, mesmo assim, mais cortes podem vir no debate desta sexta, entre eles:
No primeiro dia de discussões em plenário, a sessão terminou às 21h30. O presidente da Câmara, Martín Menem (sobrinho do ex-presidente Carlos Menem), adiou então o debate.
Nos dois dias, organizações sociais e partidos de esquerda fizeram manifestações do lado de fora do Congresso para que as propostas fossem rejeitadas. As ruas ao redor do prédio do Congresso foram tomadas.
Houve confrontos entre os manifestantes e as agentes de polícia. Na quinta-feira, deputados de esquerda chegaram a deixar o plenário por causa da repressão aos manifestantes. O debate seguiu mesmo sem esses deputados na Casa.
A Lei 'Ómnibus' é atualmente um dos pilares da política do novo governo para tentar tirar a Argentina de uma das piores crises econômicas e inflacionárias que o país já viveu.
A lei é um pacote de centenas de medidas de temas variados, desde "superpoderes a Milei até a privatização de estatais".