As
pesquisas eleitorais da Venezuela divergem sobre o resultado do pleito
presidencial marcado para o próximo domingo (28). Enquanto algumas
enquetes dão a vitória com ampla margem ao principal candidato da
oposição, Edmundo González Urrutia, outros levantamentos apontam para
uma vitória do atual presidente Nicolás Maduro, também com uma margem
confortável.
Já pesquisas do Centro de
Medição e Interpretação de Dados Estatísticos (Cmide), do Hinterlaces e
do Internacional Consulting Services (ICS), entre outros estudos,
indicam que Nicolás Maduro deve se reeleger para um terceiro mandato,
segundo informa a Telesur, veículo estatal do país.
O
sociólogo, economista político e analista venezuelano Luis Salas
ressaltou à Agência Brasil que as pesquisas eleitorais na Venezuela
historicamente favorecem o voto opositor.
“Historicamente,
desde que o chavismo chegou ao poder, as pesquisas sempre
sobrevalorizaram o voto opositor. Desde que Chávez foi presidente, e
depois Maduro, os principais institutos de pesquisa erram e favoreceram o
voto da oposição”, afirmou o analista.
A
especialista Carmen Beatriz Fernández, diretora da DataStrategia,
empresa que trabalha com medição de opinião pública para conduzir
campanhas políticas, alertou para os problemas da medição de votos na
Venezuela.
“Por
que falham as pesquisas eleitorais? Basicamente por três razões: por
causa da volatilidade do eleitorado; por falhas metodológicas e porque
não são pesquisas, se não pseudopesquisas feitas para desinformar e
serem usadas como propaganda”, destacou em uma rede social.
O
venezuelano Francisco Rodriguez, professor da Universidade de Denver,
nos Estados Unidos, reforçou a pouca confiança nas pesquisas do país.
Segundo ele, desde 2017, sete institutos de pesquisas vêm
sobrevalorizando o voto opositor.
“Esses
mesmos inquéritos sobrevalorizaram o voto da oposição, em média, nos
últimos 10 anos, em 27,8%. Se corrigirmos esse viés, teríamos um virtual
empate técnico [entre Maduro e Edmundo González]”, afirmou, em uma rede
social, o estudioso da realidade venezuelana.
Eleições na Venezuela
Dona da maior reserva comprovada de petróleo do planeta, a Venezuela vai às urnas no próximo domingo, quando cerca de 21 milhões de pessoas devem eleger o próximo presidente, que vai governar o país sul-americano entre 2025 e 2031. O presidente Nicolas Maduro, no poder desde 2013, enfrenta nas urnas nove concorrentes.
Esta
é a primeira eleição, desde 2015, em que toda a oposição topou
participar do pleito. Desde 2017, os principais partidos de oposição vêm
boicotando as eleições nacionais.
A
Venezuela enfrenta um bloqueio financeiro e comercial pelo menos desde
2017, quando potências como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União
Europeia passaram a não reconhecer a legitimidade do governo Maduro.
O
país vizinho também passou por uma grave crise econômica no período,
com hiperinflação e perda de cerca de 75% do PIB, o que resultou em uma
migração de mais de 7 milhões de pessoas.
Desde
meados de 2021, o país vem mostrando alguma recuperação econômica. A
hiperinflação foi derrotada e a economia voltou a crescer em 2022 e
2023, porém os salários continuam baixos e os serviços públicos
deteriorados.
Desde 2022, o embargo econômico vem sendo parcialmente flexibilizado e um acordo entre oposição e governo foi firmado para as eleições deste ano. Porém, denúncias de prisões de opositores nos últimos dias e recursas em assinar acordo para respeitar o resultado eleitoral por alguns candidatos da oposição, entre eles, o favorito Edmundo González, jogam dúvidas sobre o dia após a votação.