Erguida em meio a uma densa floresta tropical, a Indonésia inaugurou a sua nova capital no mês passado: Nusantara.
A cidade foi construída na esteira de um ambicioso projeto de infraestrutura enaltecido pelo presidente Joko Widdo como um símbolo do crescimento econômico do arquipélago. Números do Banco Mundial mostram que o país poderá crescer acima de 5% entre 2024 e 2026.
Mas... Apesar da pompa e das expectativas sobre o papel econômico da cidade, a nova capital se parece mais com um grande canteiro de obras, cujas atividades começaram há menos de dois anos. Segundo a imprensa internacional, a previsão é que Nusantara se torne plenamente operacional apenas na década de 2040.
O que justifica a pressa da Indonésia em criar uma nova capital? A resposta pode surpreender: a antiga capital do quarto país mais populoso do mundo, Jacarta, está afundando. E rápido.
O afundamento é um fenômeno geológico chamado subsidência. Estima-se que 40% da cidade de Jacarta esteja abaixo do nível do mar. No cotidiano dos residentes da megalópole, o afundamento do solo gera como consequência inundações crônicas e cada vez mais difíceis de serem drenadas, facilitando o contato da população com água suja e a proliferação de doenças.
O afundamento de uma megalópole
Um estudo chamado Land subsidence of Jakarta (Indonesia) and its relation with urban development (Afundamento do solo de Jacarta (Indonésia) e sua relação com o desenvolvimento urbano, em tradução livre) realizou medições do terreno da megalópole asiática entre os anos de 1982 e 2011. E a conclusão foi a seguinte:
A
taxa média de afundamento de Jacarta foi de 7,5 centímetros por ano — o
que, durante a janela de medições, representou a maior velocidade de
afundamento do mundo.
Já em outro estudo, publicado na revista Geocartio International, novas medições do terreno corroboraram o trabalho citado acima e acrescentaram que:
A zona norte da
cidade, conectada à Bacia de Jacarta; e a cidade de Cikarang, cornurbada
à antiga capital pelo oeste, são as áreas que cedem com maior rapidez.
Mantida a tendência, pesquisadores do instituto de tecnologia de Bandung, outro influente centro urbano do país, estimam que até 95% da região norte de Jacarta poderá estar inteiramente submersa em 30 anos.