No meio político é dado como certo que haverá uma mudança ministerial no começo de 2025. As especulações pela imprensa apontam para todos os lados. Num dia, sai a informação de que Lula deve botar em prática uma reforma profunda. Horas depois, o debate em algum grande veículo garante o contrário. As trocas sertão pontuais, mais um rodízio do que a nomeação de caras novas. O presidente contribui para o nevoeiro.

Como se sabe, Alagoas pode ir para as manchetes, caso se confirme Arthur Lira num endereço da Esplanada dos Ministérios. Cada comentarista no jornalismo tem sua aposta particular. Os eventuais destinos do deputado poderiam ser Saúde e Agricultura. São as opções mais citadas, mas ninguém crava uma solução definitiva nesse caso.

Lula não gosta da ideia de nomear ministro que tenha como projeto uma candidatura em 2026. Seria um desperdício de tempo e projetos, porque o novo titular ficaria pouco mais de um ano no cargo. É de fato um caminho que não ajuda o Executivo, mas apenas o interessado em ganhar espaço e poder, de olho no capital político para as urnas.        

Diante desse quadro, Lira também está na dúvida sobre a opção de virar ministro no governo petista. Ele teme ter sua agenda dominada pela burocracia oficial, o que poderia deixá-lo afastado das bases eleitorais alagoanas. É o que ele diz a aliados.

Outro fator pesa na avaliação do ainda presidente da Câmara Federal. Eleitoralmente, é bom mesmo para ele ser ministro no governo do PT? Sua turma à direita – incluindo o eleitorado, claro – pode acusá-lo de passar para o lado comunista do sistema.   

Como já escrevi aqui, Lira encerra seu período no comando da Câmara em alta com Lula e a base do governo. Ele foi essencial na aprovação do pacote fiscal na reta final dos trabalhos. Para isso, recorreu até a manobras que desafiam limites republicanos. Mas essa é outra encrenca. De todo modo, provocou ruídos preocupantes.

A investida de Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ao barrar o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares, deu um último ingrediente a esse cenário de incertezas. Tem até Polícia Federal no meio. Arthur Lira avalia tudo isso aí.